O que resta da oposição no
Brasil? Para muitos, resta pouca coisa. Sem encontrar um caminho alternativo
para o país que tenha apelo popular enquanto antítese do projeto liderado pelo
PT desde Lula, os partidos da oposição parecem ir se inviabilizando com o
tempo.
Como apresentar um projeto crível
e popular de oposição a outro que foi responsável por fazer o país, de maneira
talvez inédita na historia da Republica, aliar crescimento econômico estável a
contenção da inflação, valorização da
renda do trabalhador médio, geração massiva de empregos, combate exitoso da
pobreza absoluta e fortalecimento das instituições democráticas? Como se opor a
um projeto que tirou nada menos que 30 milhões de pessoas da pobreza absoluta
na ultima década sem levar o país a nenhum tipo de caos político, social ou
econômico?
Essa não é uma tarefa fácil. Não
é fácil se opor a uma opção política que contemplou, e continua contemplando, a
pauta histórica de avanço do processo civilizatório do país, impossível de ser
realizado com uma população antes crescentemente imersa em níveis bárbaros de
pobreza e falta de acesso aos direitos sociais mais elementares. Realmente, não
é tarefa fácil apresentar algo viável que se contraponha a isso. E essa
dificuldade de contraponto só mostra quanto o processo liderado pelo PT foi e
continua sendo necessário ao país.
É nesse quadro que a oposição vem
tentando encontrar um espaço sem, no entanto, conseguir sucesso. Diante da
impossibilidade de atacar de frente o projeto socioeconômico bem sucedido do
PT, partem para o discurso da moralidade. O discurso da oposição passou a ser o
combate à corrupção. Esse discurso, que coincidentemente (será?) se tornou o
tema numero um da grande mídia privada, como se fora o grande único problema
sociopolítico a ser enfrentado pelo Brasil nas próximas décadas, vem reduzindo
o papel dos oposicionistas a uma espécie de auxiliar nas investigações contra
membros do governo.
Isso é o que resta da oposição no
Brasil: um conjunto de poucos partidos com um discurso cada vez mais estreito e
sem projeto de país, ou sem condições políticas de tornar claro seu projeto
mais liberal de centro-direita, escorados numa grande mídia privada que insiste
em colocar-se como “neutra”, apresentando sua posição como sendo a posição da
“opinião publica”, fato desmentido a cada novo sucesso eleitoral das forças que
compõem o governo. Uma grande mídia que recusa o modelo de centro esquerda
liderado pelo PT e defende a volta de um mais acentuado liberalismo de
mercado, embora não abra o jogo claramente em relação a esse projeto e use o
tema da corrupção como cortina de fumaça.
O oligopólio que constitui a
mídia privada nacional, alias, vem se convertendo num verdadeiro lócus de
tematização e produção do que ainda resta de discurso para os oposicionistas no
país, sempre apoiado numa ideia incompleta de “liberdade de expressão” (na
verdade, a liberdade de utilizar concessões públicas, no caso da TV e Radio, para defender interesses políticos e
econômicos nada coletivos).
E nas urnas? PS(D)B?
Acaba de ser divulgada outra
pesquisa de intenção de voto para a presidência da republica. Entre os 65% de brasileiros que afirma já ter preferência por nomes para 2014, nada mais nada
menos que 70% declararam preferencia por Lula ou Dilma, do
PT . A oposição vem la atrás, com singelo desempenho de medalhões quase superados, como Serra , Alckmin e Aécio, a eterna promessa. Some-se a isso a emergência de novos
quadros do PT, como o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, eleito de forma
expressiva sobre o PSDB na principal capital do país, o que pode o credenciar,
caso faça um bom governo, a ser um futuro presidenciável. O quadro pede
acirramento da disputa por parte da oposição (partidos e mídia).
E esse acirramento se mostra
através de duas linhas de ação adotadas atualmente pela grande mídia (cabeça e
coração da oposição): avançar o discurso de “caça aos corruptos” na direção de
lideranças expressivas do projeto hegemônico, especialmente Lula, minando aos
poucos sua popularidade e a de Dilma, e viabilizar a criação de um novo líder
para o país, capaz de ameaçar ou tencionar a liderança petista nos rumos da
economia brasileira.
Nesse contexto, resta à oposição,
além da cruzada da moralidade contra Lula e outros, se quiser ser competitiva, fabricar
uma liderança que não construa seu discurso a partir da negação do projeto
vitorioso liderado pelo PT, mesmo que trabalhe para relativiza-lo quando eleito.
Que se manifeste ao mesmo tempo simpático e critico ao modelo petista. Que se apresente
à população como alguém que pode assegurar razoável continuidade desse projeto
imprimindo-lhe “nova” coordenação política, mais próxima aos atuais valores administrativos disseminados pelos meios de comunicação da mídia privada: ética, para
combater a corrupção; e gestão eficiente que volte a priorizar a classe media, atacando
os modernos problemas evidenciados nas grandes cidades.
A única liderança que pode se
apresentar dessa forma para a população do país hoje é o governador de
Pernambuco, Eduardo Campos. Ele é a bola da vez para setores da oposição,
embora não seja a opção numero um para o PSDB. A mídia já o coteja como grande
figura política. Já há reportagens de meios como o “Estado de São Paulo”
elogiando sua eficiência como gestor, seus números, sua capacidade (alias,
elogiar os números incontestáveis do governo federal é ser chapa branca, mas
rasgar elogios a governador de estado não é?). Até agora, Eduardo e a oposição apenas ensaiam um namoro, mas daqui a 2 anos podem trocar alianças.
A questão é saber ate que ponto o
PSB irá se pautar pela busca puramente pragmática de poder, colocando conscientemente
em risco o projeto vitorioso em curso das forças da centro esquerda do país. O
PSB terá que explicar que candidatura é essa, a que interesses políticos ela
responde, como ela supera enquanto alternativa politica a importância do projeto liderado pelo PT e ate onde se afasta dos grupos políticos que tentam se
afirmar como antagonistas do projeto petista, projeto, alias, que o PSB abraçou e sob as bênçãos
do qual, diga-se de passagem, cresceu e se popularizou.
Cabe saber qual a posição do PSB
enquanto força política de centro esquerda importante do país, pois a depender
do nível de compromisso ideológico do excelentíssimo senhor governador de
Pernambuco, as respostas a essas questões estão já a meio caminho.
Seja qual for a opção da oposição
para a próxima eleição, sua força eleitoral hoje não amedronta, e parece que
ela deverá passar mais 6 anos apenas tentando, de alguma forma, viabilizar um caminho
que nos leve de volta à servidão.
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